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  • Vera Regina Meinhard

Recomendação Filme: Capitão Fantástico


Axel Honneth considera que a liberdade se efetiva a partir do reconhecimento recíproco nas diferentes esferas da vida. Assim, cada um sonha em ser reconhecido para se sentir socialmente confirmado. É preciso permitir que os diferentes modelos individuais e grupais se alimentem mutuamente. Tomar consciência sobre a interdependência traz mais humildade e permite uma interação mais harmoniosa de todos os modelos.

Capitão Fantástico é um filme que vale a pena! Daqueles para se emocionar muito, chorar e rir! Para ficar sentado no final do filme ajeitando as ideias no corpo, no coração, na cabeça, na alma para se reconstruir!

O modelo do julgamento pelo qual a sociedade ensina aos grupos como afirmar suas ideias está constantemente presente e claramente exposto. Vemos grupos antagônicos julgando uns aos outros e cada um se colocando no posicionamento do “dono da razão”. Para não dizer, se auto posicionando como superior ao outro, como se tivesse entendido algo que os outros ainda não tiveram capacidade de atingir. Mesmo admirando a posição do grupo que representa a minoria, não posso deixar de reconhecer neste pai que preza pela educação sem consumo fácil, com alimentação variada, com desenvolvimento corporal e intelectual equilibrados, uma atitude por vezes arrogante.

Chega a ser hilário o descompasso entre crianças educadas dentro de padrões que prezam o desenvolvimento do corpo, dos sentidos e do intelecto e crianças educadas com videogames e comida totalmente industrializada.

O que mais me marcou foram as possibilidades de refletir sobre a liberdade. Este é um dos meus três valores essências na vida. Ele é tão essencial que o desejo para cada ser humano e trabalho com entusiasmo para que todos possam optar por serem livres ou não. Ser livre implica querer desenvolver uma atitude protagonista na vida, o que significa assumir sua parte de responsabilidade.

O choque de educação deste filme traz uma visão interessante sobre as dificuldades para promover o protagonismo no mundo do videogame e comida totalmente industrializada, pois protagonismo se conquista com muito conhecimento e autoconhecimento.

Além disso, ele traz de maneira crua a questão da transparência, da verdade dos fatos em oposição a “romantização”. Expõe a fala sobre a morte e suicídio apresentando a divergência entre os grupos. Para uns é como falar sobre qualquer outro assunto, a diferença estando no sentimento que isto causa. Para os outros, esconde-se o suicídio, pois é algo ruim do ponto de vista social, da imagem da pessoa. Mais uma vez o julgamento fortemente presente.

São muitos os detalhes que permitem reflexão, vou terminar com um que me incomoda muito: quando o educador não quer deixar voar! Se partimos da convicção que a liberdade é fundamental, trabalhamos para que as pessoas tenham os conhecimentos e o autoconhecimento necessários para fazer suas opções. Como é que podemos querer impor nossas crenças quando os pupilos querem alçar voo e conhecer outras coisas para tomarem suas próprias decisões?

A liberdade que defendo é criativa, coloca pessoas altamente capacitadas para contribuírem com vontade própria. Isso leva a necessidade de muito diálogo, muita capacidade de se expor para não se deixar constranger pelo seu próprio grupo ou pelo grupo dominante. Esta exposição permite co-criar e melhorar, entre outros, nós mesmos, processos, instituições, organizações, de maneira a construir algo ainda melhor para um maior número de pessoas.

Além de uma estória comovente contada com leveza, um fantástico convite para quebrar paradigmas e, no mínimo, refletir sobre diferentes pontos com respeito às suas interações.

Deliciem-se!

(*) Axel Honneth filósofo e sociólogo alemão

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